“ Do Japão a Israel, passando pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França
ou África do Sul, governos, autoridades políticas e religiosas pedem perdão
aos judeus, aos negros, aos escravos e a todas as vítimas.
Fazem confissões de arrependimento e reconhecem as responsabilidades das
gerações precedentes.
O primeiro- ministro britânico Tony Blair pediu perdão aos irlandeses pela
Grande Fome do século passado; a rainha Elizabeth II seguiu o exemplo a
respeito do massacre de Amritsar, no qual, em 1919, tropas britânicas mata-
ram cerca de mil pessoas nessa cidade indiana. O ex-presidente sul-africano
Frederik De Klerk pediu perdão pela “dor incomensurável” causada pelo
apartheid. Os japoneses também se pronunciaram em relação às atrocidades
da Segunda Guerra Mundial.
Os alemães pediram perdão por tudo e até na Rússia, o presidente Boris
Yeltsin qualifica hoje a Revolução de Outubro como “erro histórico fatal”.
Assim, Bill Clinton lançou um debate nacional sobre a escravidão e seus
efeitos que poderá ter um desenlace, no segundo semestre de 98, por meio
de pedidos oficiais de perdão aos descendentes de escravos.”
Esta matéria publicada no Jornal da Tarde, no final de 1997, mostra que
a sociedade está ficando mais civilizada, menos fria e calculista.
Pedir perdão, mais do que uma demonstração de educação e humildade, é
um fator decisivo para o progresso. Embora importante, como é difícil
praticá-lo com o coração. E só dessa maneira é que ele tem sentido. O pedido
apenas formal não consegue dissolver o sentimento negativo que envolve
duas pessoas ou duas nações. Mas quando ele é sincero, como que por mi-
lagre, o ódio e o desejo de vingança desaparecem e as coisas começam a
progredir.
No cotidiano, quantas vezes não magoamos as pessoas, mexemos em fe-
ridas, machucamos? Há ocasiões que fazemos isso sem pensar, numa
reação quase que espontânea. Outras sabemos exatamente o que e como
fazer para atingir alguém. Não importa de que modo seja, o sentimento
negativo da pessoa irá interferir na nossa vida e no nosso futuro. Ainda
mais se ele persistir por muitos anos.
No livro Encontrando um Caminho, Koji Sakamoto conta a história de u-
ma moça que não conseguia perdoar seu pai por ele ter abandonado sua
família quando ela e seus irmãos ainda eram pequenos. Por causa disso,
nem falava com ele. O sentimento que nutria por seu pai era tão forte que
atrapalhava todas as coisas em sua vida. Um dia, ele apareceu em sua casa
dizendo que estava muito doente e tinha pouco tempo de vida. Essa moça
foi orientada a pedir perdão ao pai, pois independente de qualquer coisa era
por causa dele que ela tinha nascido. Ela fez isso e conseguiu dissipar todo
o ódio que sentia por ele.
Alguns dias depois, ele realmente veio a falecer, mas sem levar nenhuma
mágoa.
Um outro caso interessante foi de uma jovem que estava abrindo um
empreendimento, mas as coisas não davam certo, só apareciam barreiras que
dificultavam a abertura do negócio. E quando superadas, mesmo assim ela
não conseguia trabalhar, pois não sentia vontade de permanecer no local.
Foi orientada a pedir perdão a seu pai por quem nutria também uma grande
Mágoa. Foi difícil. No começo ela relutava por não entender porque deveria
lhe pedir perdão se era ele quem lhe devia desculpas.
Adiava sempre, até que tomou a decisão e foi até ele. Ambos choraram muito
e, a partir daquele momento, as coisas mudaram completamente. Aproveitou
que estava na “fase do perdão” e resolveu pedir desculpas a muito
outras pessoas também. Resultado: seu negócio vai cada vez melhor, mesmo
em meio à crise sócio-econômica por que atravessa o país, e nunca mais
teve os
problemas anteriores.
Um rapaz antes de se casar havia envolvido e enganado uma moça, que ficou
com muito ódio dele. Isso durou muitos anos até ele tomar coragem, procurar
a moça e lhe pedir perdão. O ódio desapareceu e, hoje, eles voltaram a se falar
e são amigos.
Os sentimentos negativos chegam até nós pelos elos espirituais e nos
atrapalham profundamente. É como uma “carga” pesada que nos dificulta
caminhar. Por isso, se você magoou alguém não relute em pedir perdão.
Faça essa experiência e veja como se sentirá mais leve e feliz. E se algo
mudar em sua vida, não estranhe: o perdão é capaz de operar verdadeiros
milagres.
Ana Cristina Stabelito
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